Perdendo um trem na Bratislava

“Menina, perdemos o trem! Agora só amanhã!”

“Tudo bem, bora tomar uma cerveja então!”


Exatamente 4 anos atrás eu e Ramon perdíamos um trem da Bratislava para Budapeste.


Um ano antes desse episódio conheci Ramon, quando fizemos parte do mesmo time em uma central de atendimento de TI de uma grande empresa na Hungria. Ele é venezuelano, mas fala português tão bem que sempre que estamos juntos e nos perguntam de onde somos acabo respondendo Brasil. Até ele me cutucar e dizer “menina, eu sou da Venezuela”. Aí eu corrijo “ele é brasileiro e finge que nasceu na Venezuela”. Brincadeiras a parte, ele ama as suas origens. Com ele aprendi muitas coisas e entre elas, a amar a Venezuela também.

Apesar de um falar o idioma do outro bem, desde sempre só conversamos em português. Quando estamos em um grupo com outros amigos latinos e me refiro a ele em espanhol acho estranho, como se estivesse fingindo com outro brasileiro que a gente é gringo.

A Bratislava fica pertinho de Budapeste, são só duas horas e meia de trem. Muita gente diz que não tem muito o que ver por lá, ou que não vale a pena incluir no roteiro da viagem. Eu sou adepta do todo lugar pode valer a pena, principalmente se a companhia for boa. Por isso decidimos fazer essa viagem curta para passar o final de semana na Eslováquia.

Partimos de Budapeste bem cedo e logo quando chegamos na cidade e no hostel, chegamos na recepção e começamos a conversar, quando um brasileiro se aproximou e fez a pergunta clássica “Brasileiros? De onde?”. Eu já rindo porque mais uma vez Ramon e o super português tinha passado como nativo.

Os dias estavam lindos e fizemos um passeio muito bom pelas Ruínas de Devín, que nos renderam fotos para a eternidade da nossa amizade. Encontramos também um amigo do Ramon que era de lá. Além do reencontro deles ter sido muito bom, esse eslovaco nos mostrou a cidade com o olhar dele, o que torna o rolê único. 

Estava tudo programado para pegarmos o último trem no domingo, mas subestimamos a distância até a estação e adivinha? Só deu eu e Ramonzinho correndo desvairado até chegar e ver o trem saindo. Rolou aquele momento de tensão de quem tinha que estar no trabalho cedo no dia seguinte, mas como não tinha o que fazer voltamos para a cidade e encontramos o tal brasileiro do hostel para mais uma noite na cidade.

A viagem rendeu tanto, que mais de ano depois visitamos esse tal brasileiro do hostel na França.

Ramonzinho é de  longe um dos melhores amigos que fiz morando fora do Brasil.

Obrigada por me lembrar da gente correndo atrás do trem, amigo! Essa é a prova de que é o perrengue que faz a história! hahaha


Obs. bonitinha: Ramon só me chama de “menina” <3






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